Nesta quarta-feira, dia 17, a Assetz Expert Recruitment recebeu Vera Bermudo, CFO do Makro Brasil, em seu Programa de Mentoria de Carreira com CFOs. Cerca de 30 profissionais de diversos segmentos de Contabilidade e Finanças compuseram a audiência do evento.
Nascida em Pavuna, bairro da periferia do Rio de Janeiro, Vera Bermudo fala sobre sua origem humilde e explica que amor, integridade, resiliência e propósito são valores que norteiam todos os capítulos de sua vida. Ainda muito jovem, entendeu a educação como ferramenta de transformação. “A educação muda o destinos que parecem estar traçados. Fui a primeira da família a fazer faculdade, corri atrás da minha formação, pois queria dar uma condição melhor aos meus pais e irmãos”.
Emocionada, a executiva conta que uma das últimas interações com a mãe, antes do Alzheimer avançar, foi na formatura de sua primeira graduação. “Quando a abracei após ter pego o diploma de Administração, ela disse: ‘minha filha, na vida, nada te limita, só você’. Foi aí que eu entendi o poder da palavra, dos bons pensamentos e da ação”.
PhD pela Universidade da Flórida, Mestrado em Finanças pelo IBMEC, MBA com especialização em Finanças pela UFF, dois bacharelados, um em Contabilidade e outro em Administração e múltiplos treinamentos executivos, o vasto currículo foi construído em paralelo com sua vida pessoal, ao lado do marido Beethoven – parceiro mencionado em diversos momentos da mentoria.
Sobre sua trajetória profissional, Vera reforça que o mais difícil é o trato com as pessoas. “O ser humano atua por espelhismo, por isso é preciso liderar pelo exemplo, ser forte e serena ao mesmo tempo”. “É importante lembrar que cada integrante de seu time é um livro, com capítulos e histórias que devem ser ouvidas e respeitadas”.
Quando questionada sobre o papel do CFO, Vera diz que o profissional tem basicamente duas grandes obrigações: remover obstáculos e ajudar a fomentar o negócio. Em relação à hard e soft skills, um alerta: a executiva ressalta o perigo de rotular as pessoas e generalizar o que é mais importante. “Tudo depende do momento de sua carreira e da própria companhia. Quanto mais você evolui, a tendência é precisar mais de soft skills. Você não precisa ser a pessoa mais técnica da equipe, mas é necessário focar em resolver os problemas que matam, monitorar os que esfolam e saber que vão sempre existir alguns arranhões no meio do caminho”. Outra dica está ligada à formação da sua equipe: “Cerque-se sempre das melhores pessoas, forme um bom time e tenha conhecimentos técnicos mínimos para tomar decisões ponderadas”, completa.
Após passar 11 anos na GE, a CFO compartilha os desafios da mudança e adaptação à cultura da nova organização. Segundo a profissional, a GE e o Makro são empresas igualmente íntegras e as grandes diferenças estão nos processos para a tomada de decisão. A primeira detém uma cultura matricial, com decisões colegiadas. Já a segunda dá mais liberdade para a ação de cada país, empodera os líderes e, por isso, precisa estar mais atenta aos mecanismos de controles para conter abusos e aumentar a fiscalização.
Vera classifica sua experiência atual no atacarejo como uma aventura: “você morre de susto, mas não de tédio”, brinca. A CFO fala sobre a dinamicidade do setor, o estímulo e o espaço que há para criatividade e inovação. Além disso, conta que o seu interesse pelo desafio que encontrou aumentou quando vislumbrou a oportunidade de contribuir efetivamente para o atual momento de mudança estratégica da empresa. “Tínhamos um gap de inovação de dez anos. Por isso, foi preciso corrigir a rota, olhando ao mesmo tempo para as novas tendências de mercado”, relata.
A mentora declara que, ao longo desses dois anos de Makro, pode identificar que seu propósito de vida está muito alinhado com o da empresa. “A razão principal de fazer tudo o que eu faço é cuidar tão bem da minha família quanto meus pais cuidaram da nossa. No Makro, consegui levar esse propósito ao meu trabalho. É uma empresa que pensa na família do colaborador, por isso entendo que posso impactar de maneira positiva a vida de 9 mil famílias”.
Por fim, Vera fala sobre uma das bandeiras que levanta: o empoderamento feminino e a importância da diversidade dentro das organizações. A executiva faz uma retrospectiva da história do Brasil para exemplificar que as mulheres ficaram à margem da sociedade por muitos anos, incluindo questões políticas e econômicas. Dentro deste tema, ressalta que é preciso lutar e focar no futuro, mas sem esquecer do passado. Segundo a CFO, pesquisas recentes apontam que companhias com políticas sérias de diversidade reportam receitas maiores, crescimentos nos lucros, são mais inovadoras e possuem os colaboradores mais satisfeitos. “A diversidade – não só a de gênero – traz valor, estimula a troca de experiências e a inovação e forma equipes mais fortes e pessoas mais tolerantes. E é disso que estamos precisando hoje em dia”, finaliza.