Na última edição do Programa de Mentoria de Carreira com CFOs, a Assetz Expert Recruitment recebeu, na última segunda-feira (17), Juan Staibano, Diretor Financeiro da divisão de Medical Devices Brasil da Johnson & Johnson. Realizado na sede da empresa de executive search, o evento proporcionou troca de experiências entre o convidado e mais de 20 profissionais da área de Finanças.
Formado em Economia pela FEA-USP, Juan conta que sua primeira grande decisão profissional foi ter escolhido, por influência do pai, terminar a faculdade de Economia. Na época, queria deixar a disciplina para cursar Propaganda & Marketing. “Sou um publicitário frustrado. Por isso, hoje eu desconto no pessoal do marketing. Esse é o meu maior prazer”, brinca o executivo com a situação.
Sobre sua trilha profissional, o CFO fala com carinho de sua passagem pela Procter & Gamble. “A P&G foi minha maior escola, sou muito grato por tudo que a companhia me deu”. Segundo ele, o dinamismo do mercado de bens de consumo e a integração com vendas dá ritmo ao profissional de Finanças que, nesta situação, precisa se preocupar com o ganho de share, expansão e lucratividade.
Sobre sua experiência profissional na Venezuela pela própria P&G, Juan conta que foi responsável por coordenar o grupo de gerentes financeiros de vendas da América Latina – medindo investimentos e a lucratividade de clientes – com subordinação direta ao vice-presidente de Vendas da região, ou seja, atuando de maneira muito próxima ao negócio. Segundo Staibano, para um brasileiro ter sucesso em país latinos americanos, é importante priorizar quatro pontos: integrar-se à cultura local e entender os hábitos daquela população; aprender o idioma; escutar, afinal você é o profissional de fora; e estudar os GAAPs (contábeis) locais para identificar pessoas do time que tenham alto nível técnico para auxiliá-lo.
Um dos maiores desafios enfrentados na P&G foi participar da integração de empresas adquiridas, especialmente a Wella. Neste tipo de projeto, é necessário identificar sinergias em todos os sentidos (desde processos e cultura até as condições comerciais), o que é extremamente desafiador e te dá uma visão holística da empresa. “É na dificuldade que você ganha casca e se desenvolve mais rápido. Afinal, o profissional de Finanças é um álbum de figurinhas em que você vai colando as skills e se tornando mais completo”, conta.
Juan atribui seu maior desenvolvimento como líder a sua passagem pela Avon. “As pessoas não podem ter medo de falar com você, é preciso saber ouvir e ter aliados”, explica. Foi na Avon que entendeu o quão importante é o desenvolvimento de habilidades comportamentais para chegar a cargos maiores e em posições estratégicas próximas à tomada de decisão.
Já na Johnson & Johnson, o desafio foi completamente diferente desde o princípio. No ínicio, com atuação cross-sector, Staibano teve grande contato com o gerenciamento de projetos. Com o passar do tempo, percebeu que não bastava o olhar voltado ao negócio e passou a valorizar cada vez mais o conhecimento em hard finance (especialmente na área contábil) e em compliance para se chegar à cadeira de Diretor. Além disso, teve que adaptar-se ao modus operandi da organização e aprendeu a importância de liderar por engajamento e influência. “Na J&J, temos um time de pessoas boas, que se respeitam. Precisamos ter uma entrega de qualidade, mas não podemos deixar de lado o modo como isso é feito”. Quando questionado sobre a complexidade do mercado de Medical Devices, Juan deixa claro que as dificuldades são inúmeras, mas que compliance é a palavra de ordem.
Por fim, o mentor apresenta três pilares que regem sua carreira: stewardship, business support e organization. O primeiro é mais do que compliance, é entender que um profissional de Finanças é o representante do acionista na empresa, o guardião da organização que precisa se manter firme em momentos de crise e cuidar da integridade das Demonstrações Financeiras. Por isso, é imprescindível entender que credibilidade é o maior ativo e que problemas fazem parte do curso, mas é preciso ser protagonista da solução. Quanto ao segundo, é necessário ter a compreensão e a clareza de que não é possível fazer tudo sozinho. Contar com bons parceiros é imprescindível para o sucesso. Além disso, o profissional de Finanças se destacará ainda mais se for a segunda pessoa que mais conhece de outras áreas, como, vendas, marketing, operações, RH, dentre outros (atrás apenas dos respectivos líderes), de forma que possa entender a complexidade do negócio e trazer soluções. “Mostre à instituição o valor monetário de determinada ação e tenha em mente que o consumidor está em primeiro lugar, desde que faça sentido para o shareholder”, completa. Em relação ao terceiro ponto, ressalta a obrigação do líder em desenvolver talentos e de atuar sempre como exemplo. “Seja transparente, escute as pessoas e as reconheça. Trate bem o seu time. Mostre que você confia e esteja pronto para segurar as pontas quando for preciso”, complementa.
Em resumo, para Juan, um profissional de Finanças precisa ter algumas habilidades comportamentais latentes: liderança, excelência na entrega, resiliência, humildade, ser um bom executor e ter boa conexão com as pessoas. Ou seja, “punhos de aço, coração de fogo e mente gelada”, finaliza.