Por Fabrício Debortoli
Você sabe o que é uma empresa verdadeiramente íntegra? Em um primeiro momento, a resposta pode parecer simples — pois todas as empresas deveriam ter essa característica em sua essência, seguindo as leis com a adequada atenção, certo?
Entretanto, para responder a essa pergunta, não é possível simplificar o assunto dessa forma. Afinal, existem alguns critérios que precisam ser cumpridos para considerar que uma companhia realmente merece esse título.
Em uma sociedade que, dia após dia, se mostra mais atenta aos comportamentos das marcas, torna-se indispensável que as empresas entendam qual o seu papel. Não se trata apenas de produzir e comercializar bons serviços e produtos: é preciso assumir responsabilidades e contribuir para a construção de uma sociedade cada vez melhor.
E para aquelas empresas que ainda não entenderam ou preferem ignorar a importância do tema, vale lembrar daquela pequena sigla: ESG. Compreendeu agora a relevância do assunto?
Colocadas essas “cartas na mesa”, é possível conhecer detalhes sobre a importância de construir um negócio que traga a integridade como palavra-chave em seu cotidiano.
O que é uma empresa verdadeiramente íntegra?
É certo que todos possuem uma ideia ou opinião que responda a esse questionamento. Entretanto, é preciso entender que isso não é apenas um conceito ou uma definição vaga.
Em linhas gerais, as empresas íntegras são aquelas que de fato compreendem seu papel na sociedade, materializando os elementos intangíveis de sua cultura. São companhias que atuam e contribuem para o meio em que estão inseridas.
Além do comprometimento, isso significa também adotar uma postura ativa em todos os setores da empresa, incorporando boas práticas de maneira estratégica e efetiva.
Ao abordar o assunto, muitos já imaginam como ponto focal o combate à corrupção — e decerto este aspecto perpassa o debate.
Uma empresa verdadeiramente íntegra precisa trazer em suas bases a Lei n. 12.846/2013. Habitualmente referida como a Lei Anticorrupção Empresarial, traz regras sobre a “responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira”.
Cumprindo um papel disciplinar, a lei deixa explícita a responsabilidade das empresas e também as penalidades sofridas em caso de descumprimento das regras determinadas pelos legisladores, tanto no âmbito administrativo quanto no judicial.
Além disso, a lei cria o Cadastro Nacional de Empresas Punidas. Conhecido pela sigla CNEP, esse instrumento serve para reunir e dar publicidade para as sanções aplicadas.
Transparência e ESG
Aqui surge outro ponto importante para se caracterizar uma empresa verdadeiramente íntegra: a transparência. Como já diz o ditado: “Quem não deve não teme”. Por isso, é importante apresentar de forma clara e sem rodeios as ações e práticas adotadas.
Isso, aliás, está interligado com os conceitos de compliance e, sem dúvida, de ESG. No mundo atual, uma empresa verdadeiramente íntegra é avaliada também por suas iniciativas e programas relacionados a boas práticas empresariais, o que envolve o comprometimento com a sociedade.
Esse comprometimento interfere até mesmo na decisão dos investidores, clientes, colaboradores etc., que utilizam tais informações para se relacionarem (ou não) com uma determinada empresa.
E aqui não se trata apenas de corrupção zero (o que é uma obrigação). Uma empresa que causa danos ao meio ambiente ou não se preocupa em promover as melhores práticas para o consumo consciente dos recursos naturais não pode ser considerada verdadeiramente íntegra.
Vale lembrar que, na atualidade, diversos países estão adotando políticas rigorosas sobre o assunto, proibindo até mesmo o investimento ou aquisição de produtos de companhias que tenham relação com o desmatamento ou que possam causar danos ao meio ambiente.
Também interligado ao ESG, é importante destacar a postura ética nos negócios, lidando de forma transparente, responsável e honesta com clientes e parceiros comerciais.
Políticas corporativas para a boa convivência entre os colaboradores também são necessárias para se constituir uma empresa verdadeiramente ética. Nesse contexto, inclusão e promoção da igualdade precisam fazer parte do debate.
Voltando ao objeto principal: O que é uma empresa verdadeiramente íntegra? Nesse ponto, é possível concluir que a companhia precisa manter uma cultura responsável e com uma postura proativa, respeitando as leis, as pessoas e o meio ambiente.
Seguindo esses fundamentos, é possível construir um ambiente positivo e realmente íntegro.