Career Insights

Lideranças em tempos de constantes transformações.

Por Adriana Fellipelli

A liderança, desde os primórdios dos tempos corporativos, sempre foi associada à capacidade de guiar e influenciar pessoas. No entanto, no cenário atual, marcado pela revolução digital, transformações exponenciais e diversidade geracional, a figura do líder adquire contornos ainda mais complexos e desafiadores. Para os profissionais da área financeira, isso não é diferente. Se desejam permanecer relevantes e eficazes, precisam se adaptar e incorporar características inovadoras em seu repertório.

No mundo financeiro, a dinâmica é ainda mais acelerada, e líderes encontram-se no epicentro de uma tempestade de mudanças, demandando uma contínua reimaginação de seus papéis e funções. 

A compreensão das macrotendências, especialmente no que concerne a tecnologia, conteúdo e avanços em IA, é essencial. Um estudo da McKinsey em 2021 salientou que organizações lideradas por indivíduos que compreendem e se adaptam a essas macrotendências têm um desempenho 20% superior em comparação com seus pares. 

A empatia também se solidifica como uma característica inestimável, com líderes empáticos construindo equipes mais engajadas e produtivas. As conexões genuínas também ganham destaque, com a empatia posicionando-se como ferramenta fundamental. Em um estudo da Harvard Business Review, foi observado que líderes empáticos tendem a ter equipes 40% mais engajadas, resultando em maior produtividade e satisfação. 

O domínio de dados é outra competência-chave. Transformar insights analíticos em ações estratégicas tornou-se um pilar da liderança eficaz no setor financeiro. Nesse cenário de mudança constante, a habilidade de decifrar dados é primordial. 

A mentalidade transformadora é igualmente indispensável. Líderes audaciosos, que se distanciam dos paradigmas tradicionais e abraçam inovação, estão mais bem posicionados para guiar suas organizações em tempos turbulentos. 

Outro aspecto relevante é a construção de sua marca pessoal como líder que reflete mais do que o legado que deixam para trás. À medida que se navega por este terreno complexo, a marca pessoal do líder serve como bússola, indicando autenticidade, propósito e integridade. 

Com diversas gerações coexistindo no ambiente de trabalho, a capacidade de compreender e se comunicar de maneira eficaz com cada uma delas é vital. Gerenciar uma equipe composta por diversas gerações pode ser um desafio, mas também uma grande oportunidade. A coexistência de múltiplas perspectivas e experiências pode enriquecer o ambiente de trabalho e potencializar os resultados, desde que sejam bem gerenciadas. Aqui estão algumas dicas para líderes que atuam em ambientes multigeracionais:

  1. Entenda as diferenças: Cada geração cresceu em um contexto socioeconômico e cultural particular. Compreender as motivações, valores e formas de comunicação de cada uma pode ajudar a evitar conflitos e mal-entendidos.
  2. Promova a comunicação aberta: Encoraje a equipe a compartilhar suas perspectivas e ouça ativamente. Isso pode ajudar a desmistificar estereótipos e promover um ambiente de respeito mútuo.
  3. Valorize a diversidade: Reconheça e celebre as contribuições únicas que cada geração traz para a mesa. Diversidade de pensamento pode ser uma grande vantagem competitiva.
  4. Estabeleça pontes: Promova projetos e atividades que incentivem a colaboração entre gerações. Mentorias reversas, por exemplo, em que os mais jovens ensinam os mais experientes sobre tecnologia ou tendências emergentes, podem ser extremamente benéficas.
  5. Flexibilize estilos de trabalho: Enquanto algumas gerações podem preferir um ambiente de trabalho mais tradicional, outras podem valorizar a flexibilidade. Considere adotar políticas flexíveis, como horários variados ou trabalho remoto, sempre que possível.
  6. Invista em formação contínua: Ofereça treinamentos e workshops que atendam às necessidades de aprendizado de todas as gerações, incentivando o desenvolvimento contínuo.
  7. Evite generalizações: Embora existam características comuns associadas a cada geração, é importante lembrar que cada indivíduo é único. Evite fazer suposições baseadas apenas na idade.
  8. Crie um ambiente de respeito: Estabeleça um ambiente em que o respeito seja a norma, independentemente da idade. Isso inclui não tolerar comentários ou piadas discriminatórias.
  9. Encoraje o feedback: Incentive todas as gerações a dar e receber feedback. Isso pode ajudar a identificar áreas de melhoria e promover um ambiente de aprimoramento contínuo.
  10. Seja um exemplo: Como líder, mostre em suas ações e comportamentos o valor da diversidade geracional. Seja o primeiro a ouvir, aprender e adaptar-se às necessidades de sua equipe.

 

No coração desta transformação está o líder conector, a figura central que une, entende e age em tempos de mudança. Como uma resposta a esse desafio, esse líder é dotado de uma capacidade especial de perceber as demandas do ambiente empresarial e discernir os momentos apropriados para agir. Mas, além de fazer conexões estratégicas, ele precisa, antes de tudo, conectar-se consigo mesmo.

Um líder autoconsciente, que compreende suas potencialidades e reconhece seus pontos fortes, está mais bem equipado para trilhar um caminho de autodesenvolvimento contínuo. Para tal introspecção, algumas categorias podem servir como norte. Líder, pergunte a si mesmo: Você se vê mais como uma “máquina de ideias“, aquele que constantemente alimenta a equipe com novas perspectivas e soluções? Ou seria você o “criativo imparável“, sempre em busca da próxima grande inovação, fazendo as coisas acontecerem independentemente dos obstáculos? Talvez se identifique como o “organizador sistemático“, aquele que traz ordem ao caos, estruturando processos e garantindo que tudo funcione harmoniosamente. Ou, ainda, você é o líder “inspirador“, aquele que compartilha valores, motiva pelo exemplo e eleva o moral da equipe, garantindo que todos remem na mesma direção? Cada categoria oferece insights sobre pontos fortes e áreas de desenvolvimento potencial. Conhecer-se é o primeiro passo para cultivar uma liderança eficaz e adaptável. 

Resumindo, a liderança no setor financeiro é uma jornada contínua de aprendizado e adaptação. No centro dessa evolução está o líder conector: autoconsciente, estratégico e, acima de tudo, humano.

Adriana Fellipelli

CEO | Fellipelli

Adriana possui mais de 35 anos de experiência em consultoria para lideranças atuando com executivos C-level em diversas empresas e também como coach há 30 anos. Hoje atua em sua consultoria, a Fellipelli, empresa de diagnósticos comportamentais e desenvolvimento. Possui formação em psicologia e psicanálise, com pós-graduação em marketing de serviços; e no Programa de Desenvolvimento de Conselheiros oferecido pela Fundação Dom Cabral.