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Empresas contratantes

No cenário de contratação, percebe-se uma movimentação maior de certos setores, como o de Capital Intensivo e o de Tecnologia, que se recuperam do período pandêmico e voltam a contratar Executivos Financeiros com muita experiência para fortalecer os times. Destaca-se também o setor de Bens de Consumo, especialmente os segmentos de alimentos e bebidas e de cosméticos, que devem seguir contratando com veemência, assim como o setor de Energia, englobando suas diferentes esferas — geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia. Outro setor que, na contramão dos últimos anos, tem mostrado um apetite crescente na contratação de profissionais da área financeira é o de autopeças, impulsionado pelas exportações e pelo mercado de peças de reposição.

No contexto de contratação no mercado nacional, as companhias brasileiras de grande porte se estabelecem com mais confiança e tendem a permanecer contratando mais expressivamente nos próximos meses, uma vez que já estão habituadas às mudanças e aos entraves político-econômicos do país. A agenda do Executivo Financeiro em tais empresas pode ter um escopo tanto transformacional (implementação de governança, processos e controles internos) quanto de expansão (orgânica e inorgânica), mas quase sempre com um escopo muito voltado à projeção, estratégia e gestão do fluxo de caixa da companhia.

Por outro lado, as empresas estrangeiras demonstram uma perspectiva mais voltada ao longo prazo, embora estejam mais cautelosas para realizar novas contratações, sobretudo devido às crises e conflitos globais, que geram insegurança principalmente às suas subsidiárias no Brasil, além da constante cautela frente ao cenário político-econômico brasileiro.

A criação de novas vagas na área financeira, impulsionada pela expansão da companhia e pelo aumento da complexidade das operações, tende a ser o principal motivo de contratação na maioria das empresas, especialmente nas brasileiras. Além disso, a substituição de profissionais por novos talentos, com o objetivo de tornar os processos mais eficientes e o negócio mais rentável, também deve ser uma das principais motivações na busca pelo Executivo Financeiro.

Processo seletivo:

Durante o segundo semestre, os processos seletivos na área de Finanças costumam ter uma duração mais longa, uma vez que os principais stakeholders internos estão inteiramente envolvidos nas atividades de elaboração do orçamento anual. Como resultado, há uma queda no número de processos para posições na área de Planejamento Financeiro e Business Support

Por outro lado, percebe-se o aumento da demanda por posições de Tesouraria — com um foco especial em funções que envolvem projeção e análise de Fluxo de Caixa e captações — e de Contabilidade e Controladoria, que buscam já ter um time formado para enfrentar o processo de fechamento do ano fiscal. Além disso, observa-se uma crescente busca por profissionais tributários com o objetivo de formar um time sólido para atender às futuras exigências da Reforma Tributária.

Profissionais contratados

A diversidade — seja em relação a gênero, cor, faixa etária, orientação sexual, pessoas com deficiência ou aspectos sociais — continuará sendo prioridade na contratação para cargos de liderança na área financeira. A promoção de um ambiente de trabalho saudável, que prioriza o respeito ao ser humano e as diversas formas de pensamento, reflete o comprometimento crescente, mas ainda moroso, das empresas com a criação de uma cultura plural e inclusiva, cada vez mais voltada ao bem-estar do profissional e à inovação.

Nesse contexto de busca por diversidade e crescimento sustentável, a companhias também se movimentam para atender às novas obrigações regulamentárias, como os relatórios S1 e S2 da CVM, que exigirão, para os próximos anos, a divulgação de informações relacionadas às práticas organizacionais voltadas à pauta ESG (Environmental, Social, and Governance). Em vista disso, a demanda por líderes de Finanças com um viés direcionado à implantação de inciativas focadas em aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa será cada vez maior.

Nesse sentido, além do sólido conhecimento em Governança, que já é tradicionalmente exigido dos profissionais financeiros, a tendência é que as companhias busquem perfis que também se concentrem no aspecto Social (o “S” da sigla ESG), compreendendo perspectivas que, em adição à promoção da diversidade interna, considerem ações de apoio à sociedade como um todo. Além disso, espera-se também que o profissional tenha uma compreensão mais ampla do aspecto Ambiental (o “E” de ESG), com foco em iniciativas sustentáveis que ultrapassem as demandas internas.

Em relação às demais competências requisitadas, espera-se que os profissionais financeiros continuem focando o aprimoramento técnico alinhado ao desenvolvimento de habilidades de liderança e comportamentais, como capacidade analítica e de influência. Além disso, o domínio da língua inglesa e o conhecimento, ao menos intermediário, do espanhol continuam sendo essenciais, pois muitas posições demandam não apenas um escopo de atuação local, mas também regional ou até mesmo global. 

O profissional que alinha o desenvolvimento técnico e comportamental, dedica-se à construção de uma carreira consistente e adota o processo de lifelong learning destaca-se significativamente nos processos seletivos na área financeira, em que a competição por profissionais costuma ser muito grande. 

Observa-se também que, diante das exigências, o perfil do Executivo Financeiro está evoluindo de business partner para business player, o que significa um aumento da demanda por profissionais que se envolvam mais profundamente com as demais áreas da companhia, especialmente as de Vendas e Operações, atuando diretamente no suporte à tomada de decisão estratégica do negócio.

Remuneração: 

Em relação à remuneração, estima-se, para os próximos meses, a manutenção de um incremento salarial de 15% a 20% para os profissionais que já estavam empregados. A tendência é que os profissionais avaliem cada vez mais uma movimentação lateral de cargo e de remuneração em prol da participação em projetos interessantes, além de aspectos como a cultura e o momento da empresa e as perspectivas de crescimento e desenvolvimento de carreira.