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A pandemia não apenas alterou nosso cotidiano, mas também forçou empresas a adotarem modelos de trabalho remoto em uma escala sem precedentes. A área financeira, tradicionalmente ancorada em escritórios, viu-se diante de uma mudança significativa. 

Porém, o que inicialmente parecia ser o futuro incontestável do trabalho, enfrentou uma reviravolta. Dados da Infojobs indicam que, entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, a esmagadora maioria das vagas anunciadas eram presenciais. No entanto, para muitos CFOs, essa transição massiva de volta aos escritórios levanta questões sobre produtividade e satisfação profissional.

Segundo executivos da área financeira, o home office trouxe benefícios notáveis. Tatiana Campos, CFO Brasil da Serasa Experian, destaca o aumento de oportunidades de carreira, retenção de funcionários e maior produtividade como impactos positivos. 

Além disso, a CFO aborda o conceito de work-life integration, que enfatiza a importância de integrar eventos profissionais e pessoais para melhor desempenho e bem-estar. Ela acredita que todas as funções em Finanças podem ser mantidas no modelo híbrido, mas enfatiza a importância do networking produtivo e colaboração entre as equipes, especialmente em atividades estratégicas.

Esse sentimento é ecoado por outros executivos que veem benefícios tanto para a empresa quanto para os colaboradores. De acordo com a pesquisa “O Perfil do CFO no Brasil 2023”, os CFOs estão fisicamente no escritório em média 4,4 dias por semana, indicando uma proximidade com a realidade pré-pandêmica. Apesar disso, muitos CFOs veem o modelo híbrido como a escolha ideal para eles e suas equipes.

Um bom exemplo é a Randoncorp, empresa do segmento de semirreboques e vagões, que também recorreu ao híbrido. Segundo seu CFO, Paulo Prignolato, o modelo impulsionou a produtividade e permitiu atrair talentos de diversas regiões.

Já o diretor de Finanças da Cemig, Leonardo George Magalhães, salienta os desafios adicionais para o home office, como o alinhamento de equipes, e sugere reuniões periódicas presenciais para fortalecer o relacionamento entre os departamentos. 

 

Prós e contras do home office

Pontos positivos

• Aumento de oportunidades de carreira e retenção de funcionários.

• Manutenção ou ganho de produtividade, especialmente em tarefas transacionais.

• Diminuição de custos operacionais e despesas para os colaboradores.

• Melhoria na qualidade de vida e maior flexibilidade.

Pontos negativos

• Desafios para o alinhamento de equipes.

• Dificuldades na construção de relações pessoais fortes.

• Barreiras para entender e absorver a cultura da empresa.

• Possíveis ruídos em treinamentos mais extensos.

 

A integração eficaz entre trabalho e vida pessoal, aliada a estratégias para superar os desafios, moldará o futuro do home office na área financeira. Por isso, embora o modelo de trabalho remoto tenha suas complexidades, os CFOs vislumbram um futuro híbrido. A habilidade de adaptar-se a essas mudanças será crucial para o sucesso contínuo das organizações. E sim, este é um capítulo em constante evolução, mas os CFOs estão prontos para liderar a narrativa.

TATIANA CAMPOS

CFO Brasil | Serasa Experian

PAULO PRIGNOLATO

Vice-Presidente e CFO | Randoncorp

LEONARDO MAGALHÃES

Diretor de Finanças e Relações com Investidores | Cemig