Questionamentos sobre o tempo e a energia aplicados na condução da trajetória profissional em detrimento do período dedicado ao lazer e ao descanso são frequentes na literatura sobre negócios e têm motivado diversos debates ao redor do mundo, além de serem temas de artigos na imprensa e nas publicações em redes sociais. No entanto, por mais que existam discussões acerca do assunto, encontrar o equilíbrio ainda continua sendo um desafio para a maioria dos Executivos. Na área de Finanças, sempre acompanhada de pressão por entregas e prazos, solicitações repentinas de relatórios e aumento sazonal da demanda por causa dos períodos de fechamento e elaboração do orçamento, a assimetria torna-se ainda mais evidente.
A priorização de tarefas aparece como um dos fatores mais importantes apontados por Diretores Financeiros para alcançar o almejado equilíbrio. Analisar o que é realmente inadiável é essencial para otimizar o período em que o Executivo passa trabalhando. Ademais, é imprescindível ser o mais produtivo possível nas horas dedicadas à empresa para que o expediente não se estenda sobre o horário dedicado às atividades pessoais. Mesmo durante o expediente, é preciso acrescentar momentos de descanso aos períodos de muita pressão, não só para o equilíbrio da saúde mental, mas também para intensificar o próprio rendimento. É mais eficiente intercalar momentos de trabalho com momentos de recuperação, mesmo que por um curto período.
Uma alternativa importante para que o Executivo de Finanças consiga cumprir o horário comercial normal no seu dia a dia é a divisão de tarefas com o time, o que permite organizar melhor a rotina e encontrar um tempo para se recompor. É preciso pedir ajuda e entender o que pode ser delegado a outra pessoa. É necessário entender que não há como abraçar todas as funções e tarefas. Além de não sobrecarregar nenhum membro da equipe, esse ato garante uma melhor entrega da tarefa como um todo.
Estender as horas de trabalho algumas vezes por mês para a finalização de todos os processos pode ser frequente nas diferentes disciplinas de Finanças, mas não deve se tornar algo corriqueiro. Não é incomum para a área contábil, por exemplo, aumentar o tempo de expediente em dias de fechamento. O mesmo esforço é feito pela Tesouraria e pela área Fiscal nos dias em que é preciso monitorar, com minúcia, o fluxo de caixa da empresa em virtude de alguma determinada situação ou acompanhar mudanças na legislação como oportunidade para aumentar a eficiência tributária. Em paralelo, há pedidos frequentes por relatórios complexos com prazos apertados. Nesses casos, os esforços devem ser compensados e o foco deve ser na construção de um ambiente saudável para todo o time. É importante delegar, ter confiança nas pessoas e respeitar os horários de trabalho. Além disso, o CFO deve organizar a rotina da equipe de forma que favoreça momentos que permitam recuperar as energias, como, por exemplo, liberando o time mais cedo em épocas em que o volume de trabalho é menor.
Um ambiente pode ser transformado pela conduta do líder e o CFO é o principal responsável por fomentar uma área financeira mais saudável e equilibrada. Deve ser um tema top-down e instigado por toda a liderança. Encontrar um ponto ótimo entre vida pessoal e profissional requer estratégia e organização. Compreendendo a importância da priorização de tarefas, o foco e a liderança por exemplo, é possível alcançar um ambiente mais salutar e produtivo para todos.
Para compreender melhor a importância do equilíbrio entre uma rotina agitada e uma mente saudável, convidamos três Executivos financeiros para compartilharem suas perspectivas e vivências em relação ao tema.