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Diante das novas tecnologias e da mudança de comportamento do mercado de trabalho, os CFOs são cada vez mais demandados para que compreendam o impacto financeiro das decisões estratégicas e forneçam insights sobre oportunidades e riscos, levando em consideração o negócio como um todo, entre outras novas atribuições.

Se, por um lado, as empresas cada vez mais exigem habilidades comportamentais e técnicas do executivo de Finanças, por outro, estes profissionais também estão mais seletivos, escolhendo oportunidades de trabalho que poderão entregar uma gama de benefícios cada vez maior, sejam eles objetivos ou subjetivos.

Um dos fatores preponderantes na escolha de uma oportunidade é a exigência por um espaço estratégico nas empresas, segundo Daniel Gushi, CFO & IRO da FS Fueling Sustainability, que acredita que o executivo financeiro não quer ser visto como um recurso de backoffice, mas, antes, como um recurso estratégico que ajuda na geração de valor. Ele destaca como ponto central para a escolha do profissional a insatisfação com a função atual, além de benefícios financeiros e cultura organizacional da nova empresa, autonomia e desafios oferecidos pela oportunidade. 

Thierry Soret, CFO da Usina Coruripe, diz que os fatores que podem influenciar a decisão de um CFO em aceitar a movimentação ou não para uma nova oportunidade variam de acordo com as preferências individuais de cada profissional e com seu momento pessoal e de carreira. Porém, ele ressalta que, quase sempre, há alguns aspectos centrais — como desafio e projeção de carreira, cultura e valores da empresa, remuneração e benefícios, posicionamento e condição financeira e perfil da liderança e equipe.

Entre os pontos centrais, ele destaca a busca por um ambiente de trabalho saudável e a possibilidade de criar um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, demanda que emerge principalmente dentro da nova geração de CFOs, mas que se expande também para o grupo de executivos mais experientes, que estiveram suscetíveis durante décadas a uma cultura de “resultado a qualquer preço”, mas que já não conseguem se motivar com esse tipo de proposta. Ele afirma, ainda, que essas considerações são fundamentais para a prevenção de esgotamento, estresse excessivo e problemas de saúde em longo prazo.

Para Soret, alguns CFOs podem até preferir um ambiente mais tradicional e hierárquico, enquanto outros se adaptam melhor a uma abordagem mais ágil e colaborativa. Além disso, acredita ser fundamental que se busque entender se o modelo de trabalho da companhia está alinhado às preferências e habilidades do profissional.

Os critérios de remuneração e oportunidades de ascensão ainda são determinantes para o profissional, porém, cada vez mais existe uma procura de alinhamento cultural entre executivo e empresa, concorda Thiago Struminski, CFO da Copersucar. Segundo ele, a pandemia levou muitos executivos a repensarem suas escolhas, fazer renúncias e atribuir valores a elementos que antes eram menos apreciados.

Struminski diz que, dentro da jornada interna de liderança e desenvolvimento pessoal de cada profissional, a empresa que queira chamar a atenção dos CFOs deve analisar como está o ciclo atual dos seus executivos e o que eles já conquistaram na posição que ocupam para, assim, oferecer algo que os motive a aceitar uma troca de posição ou o acúmulo de funções.

Para ele, também é essencial avaliar as habilidades que se ambiciona desenvolver, além de considerar o setor de atuação, os modelos de negócios, a cultura das empresas prospectadas, os acionistas e os clientes ao tomar a decisão. Ele afirma que, por vezes, a própria companhia pode fornecer uma oportunidade interna de trabalho.

O aumento no nível de exigência dos executivos tem causado uma movimentação mais dinâmica no mercado de trabalho. Antes malvista, essa habilidade de se movimentar no mercado, agora, se aplicada de forma razoável, ganha ares de complementaridade ao currículo. Para Struminski, o executivo busca novas oportunidades quando não se sente desafiado e, por isso, atualmente, as empresas investem mais tempo com retenção e garantindo que as pessoas-chave resolvam os problemas que precisam ser solucionados. 

 

Os seis principais motivadores de carreira do CFO:

Desafios e projeção de carreira: o estabelecimento de um mandato bem definido, o nível de autonomia da posição, o segmento de atuação da empresa, a estratégia de negócios e o porte da companhia são fatores que podem efetivamente atrair o CFO para uma nova oportunidade;

Cultura e valores da companhia: atualmente, a nova dinâmica de negócios, com novas pautas de inovação, inclusão, ESG e governança, é fundamental para a avaliação de movimentação de carreira;

Remuneração e benefícios: o pacote remuneratório ainda desempenha um papel crucial na deliberação, uma vez que os profissionais consideram se a oferta financeira está alinhada à sua trajetória e às suas expectativas; 

Posicionamento e condição financeira da empresa: o reconhecimento da companhia perante o mercado e o seu momento financeiro são fatores importantes que devem ser ponderados, pois um desafio de reestruturação demandará energia extra;

Qualidade da equipe e da liderança da empresa: a qualidade do time é um grande motivador para a tomada de decisão, considerando desde a alta gestão, os acionistas, o conselho e o corpo executivo, até a equipe sob a responsabilidade do CFO;

Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: a busca por um work-life balance não é mais uma demanda só das novas gerações, mas também de executivos que já pertenceram ao sistema de “tudo pelo resultado” e que hoje não encontram motivação nesse tipo de discurso.

DANIEL GUSHI

CFO | FS Fueling Sustainability

THIERRY SORET

CFO | Usina Coruripe

THIAGO STRUMINSKI

CFO | Copersucar