“O sucesso é conquistado por aqueles que acreditam que podem vencer e se preparam para isso. Muitos querem vencer, mas quantos estão realmente preparados? Essa é a grande diferença”. Parafraseando o treinador do time olímpico de hóquei dos Estados Unidos, Herb Brooks, mencionado no filme Desafio no Gelo (Miracle), o Diretor Regional de Finanças LATAM, Higiene e Cuidados com a Casa da Reckitt Benckiser, Ronei Gomes, abriu o Programa de Mentoria promovido pela Assetz Expert Recruitment da última quinta-feira (18).
Dono de sua própria carreira, como reforçou durante o encontro, o executivo iniciou sua vida profissional trabalhando nos negócios da família. Mais tarde, Ronei conquistou seu primeiro emprego em multinacional. Ainda na faculdade e com apenas 20 anos, o executivo começou a atuar na área de Planejamento Financeiro na British American Tobacco (Souza Cruz), onde ficou por três anos e teve o prazer de trabalhar com profissionais que considera referência até hoje.
No início de 1994, aceitou convite para fazer um projeto de gestão interina liderado pela Galeazzi & Associados na empresa Brasileira Vila Romana, como Coordenador de Planejamento Financeiro, onde adquiriu experiência relevante em processos de transformação de negócios. Dois anos depois, ingressou na Kraft Foods e conquistou a tão almejada posição de Gerente de Planejamento Financeiro, como responsável pelo suporte financeiro para unidade de negócios de chocolates Lacta, aos 26 anos. “Foi aí que me tornei o gerente mais jovem da empresa. Na época me chamavam de menino Ronei”, lembra com ar saudosista.
“Atuar como gerente foi muito desafiador para mim. Nunca tinha liderado um time grande e comecei a perceber que me faltava repertório”, comenta. “Sem dúvida foi a fase que eu mais trabalhei na vida. Eu não tinha muitas referências e me sentia sozinho, mas aprendi muito. Hoje eu sei a importância de criar conexões com os colegas de trabalho, por mais diferente que eles sejam”, completa o Executivo.
No ano seguinte em 1998, Ronei aceita um novo desafio: Trazer a cultura de gestão e planejamento financeiro das multinacionais para uma empresa Brasileira, a Tok & Stok. “Após o plano real, a empresa cresceu muito e precisava se organizar melhor para uma nova fase – foi aí que surgiu a oportunidade. O desafio era estruturar processos de gestão e atividades em diversas áreas da empresa para que ela voltasse a crescer”.
Mesmo tendo gostado muito do que encontrou, a vida deu um empurrãozinho para que Ronei tivesse a sua primeira experiência internacional. “Minha namorada à época foi expatriada. Então, tomei a decisão de acompanhá-la e fazer um MBA nos Estados Unidos”.
Quando questionado sobre como foi fazer essa pausa na carreira, Ronei não negou que teve medo: “Sim, tive medo de não conseguir me recolocar após essa pausa, mas felizmente deu tudo certo”. Hoje vejo que o que mais agregou nessa parada, foi a experiência de conviver e saber como pensam as pessoas em outros lugares no mundo”, reforça. “Entretanto, há excelentes cursos e instituições aqui no Brasil que não deixam a desejar às opções encontradas fora do país”.
Logo após concluir o MBA e ainda em terras americanas, ele teve oportunidade de ingressar na unidade de negócios de chocolates da Mars em Nova Jersey, como Gerente de Lucratividade por Cliente. Logo em seguida, foi convidado para retornar à Kraft Foods para trabalhar no escritório da região América Latina (LATAM) em Nova York, como Gerente Sênior responsável pelas áreas Contábil e de Tesouraria. Em meados de 2002, retorna ao Brasil pela Kraft promovido para posição de Diretor de Finanças para Vendas e Supply Chain, liderando grupos multifuncionais focados na integração dos negócios da Kraft e da Nabisco, empresa que tinha sido recentemente adquirida pela Kraft.
Dois anos mais tarde, ocupou pela primeira vez, a cadeira de CFO. “Fui transferido para Lima no Peru. A ideia era eu passar por mercados da América Latina, como Peru, região Andina e México, antes de ficar à frente de um país grande e com a complexidade do Brasil – seria um ciclo de cinco anos, onde completei duas de três etapas, como CFO Peru e CFO Regional Andino”. Em 2007, antes de concluir o desafio proposto pela empresa, Ronei decide voltar para o Brasil por questões pessoais.
De volta ao Brasil pela Kraft, o executivo teve oportunidade de migrar para a área de Supply Chain como Diretor e atuar junto ao board executivo da empresa. Do outro lado da mesa, aprendeu a ver a área de Finanças como cliente e o impacto positivo e/ou negativo que pode ter no negócio. Pessoalmente, aprendeu a liderar por influência e tomar decisões como líder de negócio e não somente como financeiro. Esses fatos ajudaram Ronei a se tornar o primeiro brasileiro a ocupar a posição de CFO da Kraft no Brasil em 2009. “Entrei com o propósito de ficar cinco anos na posição para liderar iniciativas transformacionais tais como implementação do sistema SAP, centro de serviços compartilhados, desenvolvimento de uma equipe mais diversa, e redução significativa do custo da área de finanças. Acabei ficando quase sete anos, muito diferente de outros CFOs que tiveram ciclos mais curtos de dois anos”.
Em 2012, logo após aquisição da Cadbury, a Kraft Foods se transforma globalmente em Mondelez International e Ronei tem sua função de CFO Brasil expandida ao assumir responsabilidade por toda área de TI da empresa, liderando a agenda estratégica de tecnologia e suporte ao negócio. Em 2014, a Mondelez decidiu implementar um novo modelo de negócios global/regional em todas as unidades de negócios no mundo e as posições locais foram fragmentadas. A posição de Ronei como CFO Brasil foi dividida em nove posições, locais, regionais e globais. “Eu não me sentia confortável em deixar de olhar Finanças end-to-end no Brasil e tomei a difícil decisão de deixar a companhia”. Sua saída da Mondelez no final de 2015 foi planejada com 18 meses de antecedência. Durante esse período, Ronei colocou em prática toda a mudança no modelo de negócios proposta pela empresa, atuando na transferência de suas responsabilidades como CFO Brasil e também na implementação do modelo regional como Diretor de Finanças LATAM para as unidades de negócios Chocolate, Queijos e Sobremesas.
Após um período sabático, no início de 2017, foi convidado pela Reckitt Benckiser para atuar como Diretor Regional LATAM de Finanças. Após a integração com a Mead Johnson, tornou-se responsável pela unidade de negócios Higiene e Cuidados com a Casa, função que ocupa atualmente. “Hoje considero que ainda estou aprendendo sobre o negócio e me desenvolvendo como CFO que acumula os chapéus da região LATAM e do Brasil”, comenta. “Meu papel é dar direcionamento estratégico e funcional para os negócios nos países, desenvolver as equipes e acompanhar a execução mesmo que à distância, atualizar os times globais sobre nossa performance, e passar tranquilidade/confiança tanto para o global como para os times locais. Acumular funções local e regional é muito desafiador”.
Ao mesmo tempo que a carreira de Ronei decolava e desafios não faltavam, ele também passou a atuar como Conselheiro. Desde 2007, é Membro e Presidente de diferentes Conselhos Administrativos e Deliberativos. Atualmente, Ronei é membro do Conselho Consultivo da Unigranrio, segunda maior Universidade particular do estado do Rio de Janeiro com foco em programas na área de Saúde, e também Presidente do Conselho Deliberativo da ReckittPrev, entidade de previdência privada do Grupo RB no Brasil.
No entanto, Ronei menciona que sua trajetória profissional não foi marcada somente por acertos. Se pudesse voltar atrás, Ronei comenta que teria construído uma carreira com passagens mais longas e em mais áreas dentro de Finanças: “Sinto que minha ambição de crescer rápido me fez queimar algumas etapas que hoje percebo que fariam a diferença”. Além disso, Ronei acredita que poderia ter tido um melhor equilíbrio entre dedicação à família e ao trabalho, principalmente no início e meio de sua carreira.
Por fim, mas não menos importante, o CFO encerra a mentoria com uma série de dicas baseadas em aprendizados acumulados ao longo de sua trajetória:
- Procure trabalhar com bons líderes de negócio e funcionais, principalmente no início da carreira para desenvolver referências;
- Acredite que é possível vencer, saiba onde quer chegar, tenha um plano claro de desenvolvimento de habilidades/competências e se prepare para atingir seu objetivo;
- Seja dono de sua própria carreira e responsável por seu desenvolvimento em cada desafio/projeto (70% do conhecimento se adquire por experiência prática, 20% através de troca de experiências e 10% em treinamentos) e não deixe de lado sua rede de relacionamentos e os investimentos em formação profissional;
- Seja um agente de mudança e transformação (foco na melhoria contínua) ao invés de manter o status quo;
- Pense sempre no que é melhor para o negócio e foque em fazer a coisa certa com excelência;
- Escolha o time certo para cada desafio/projeto e foque no desenvolvimento dos líderes, muitos deles serão melhores profissionais do que seu mentor;
- Trate os diferentes de maneira diferente: tenha diversidade de pensamento no time e crie um ambiente inclusivo para os diferentes;
- Deixe uma marca/legado por onde passar. Trabalhe para ser reconhecido como referência profissional (no “que” e no “como”);
- Trabalhe duro, sorte é consequência!