Não há dúvidas de que a pandemia acelerou diversas mudanças que demorariam mais algum tempo para acontecer. Por isso, as organizações foram impulsionadas a reavaliar seus modelos operacionais tradicionais e, com urgência, estabelecer processos automatizados. Junto da área de TI, outros departamentos precisaram acelerar a transformação tecnológica que, hoje, se mostra como recurso vital.

Tecnologias como a inteligência artificial (IA) avançam de modo progressivo no desenvolvimento tecnológico das companhias – especialmente em áreas organizacionais como o Recrutamento e Seleção (R&S), atuando como auxiliadora dos headhunters, por meio de ferramentas eficazes, que potencializam os processos seletivos.

Logo, surgem algumas dúvidas: até que ponto esses algoritmos são eficientes? Qual a relevância da atuação humana em processos artificialmente conduzidos? Quando o recrutamento incide em áreas corporativas muito técnicas como a de Finanças, a terceirização tecnológica pode gerar ainda maior preocupação. 

No entanto, entendemos que a IA se constitui como uma aliada robusta na busca por profissionais essenciais para a organização, mas não como uma sucessora da expertise técnica do recrutador adquirida por anos de experiência e do seu papel consultivo, que direciona o contratante e o candidato durante todo o processo.

No R&S, a automação inteligente de tarefas operacionais promove a redução de tempo e esforço dos recrutadores, permitindo que eles se concentrem em funções mais estratégicas e relacionais. Portanto, o papel da IA tem potencializado, de maneira categórica, as rotinas de um processo seletivo, dinamizando atividades como a geração de job descriptions, o mapeamento de perfis e a triagem de currículos. 

Outro ponto importante nessa relação entre R&S e IA é a transcrição automática de relatórios profissionais, por meio do processamento de linguagem natural, que aproveita ao máximo a comunicação entre entrevistador e entrevistado. As principais informações sobre o histórico de carreira do candidato e suas habilidades são registradas de modo estruturado. A correlação entre o candidato e a vaga disponível também pode ser favorecida, uma vez que os softwares também podem cooperar para a construção de análises comparativas entre o job description e o perfil do profissional, além de divulgar a vaga, agendar as entrevistas e enviar e-mails de feedbacks. Isso, automaticamente, melhora a experiência do candidato e fortalece o employer branding da companhia.

No entanto, a intervenção de seres humanos mantém sua importância no processo de R&S: a participação de pessoas no âmbito administrativo ou operacional do projeto torna-se crucial para a condução de contratações cada vez mais minuciosas e sensíveis. Por trás das soluções desenvolvidas pela IA, a presença humana emerge como a principal condutora e guia da tecnologia, capacitada a promover a utilização apropriada, inteligente, consciente e responsável dos softwares.

A IA aprende com os padrões estabelecidos pelas pessoas e, por isso, consegue prever pensamentos e práticas inerentes aos seres humanos de maneira generalizada. Nesse momento, o entrevistador é o agente capaz de avaliar, com sensibilidade, as nuances do momento de vida de cada candidato. Por vezes, muitos pormenores da vivência dos entrevistados só são revelados em conversas pessoais, sinceras e bem conduzidas. 

Diante de um ambiente transformado pela IA, é crucial que recrutadores, gestores da área e candidatos sejam parceiros e estejam preparados para enfrentar as benesses e os desafios apresentados por essa nova realidade, bem como entender os seus impactos não só financeiros e competitivos, mas também socioeconômicos. Como a IA é uma ferramenta complementar, é papel do recrutador atuar como um propagador da tecnologia e em parceria com os candidatos à posição.