Na última quarta-feira (24), a Assetz Expert Recruitment recebeu, no Programa de Mentoria de Carreiras com CFOs, o Wilson Fernandes, da ESPN Brasil. O evento foi realizado na sede da empresa, em São Paulo, e contou com a participação de mais de 20 pessoas. Entre os participantes, estavam CFOs de outras empresas e executivos de finanças de diferentes níveis hierárquicos.
Competências técnicas, comportamentais e desafios com o avanço da digitalização foram os principais temas da noite. Para Wilson, um CFO precisa entender essencialmente sobre balanço e P&L. O Executivo brinca que, no início de sua carreira, não sabia nada sobre contabilidade e tinha receio de se aprofundar na área, mas que hoje entende que este aprendizado foi essencial para chegar onde está atualmente.
Segundo o mentor, o CFO tem como principal responsabilidade direcionar a estratégia da empresa, por isso é preciso entender a fundo o negócio da companhia e como a receita é gerada. “Cortar custos todo mundo corta, o grande diferencial é montar estratégias para gerar receita”, explica. Conhecimentos em tesouraria, controles internos, processos e noções básicas sobre impostos também podem auxiliar no desenvolvimento de um bom CFO.
Em relação às competências comportamentais, o desenvolvimento de pessoas e a boa relação com seus pares é imprescindível. Tais fatores devem ser usados para conduzir a empresa ao cumprimento de sua estratégia, diz o executivo. “Um bom profissional é aquele que tem uma boa equipe. O fato de ter profissionais competentes e bem formados ao meu lado me ajudou muito a entregar um trabalho acima da média”, conta Wilson. “É importante promover a troca de experiências e motivar as pessoas a crescerem com você”, complementa.
Apesar de muitos profissionais se posicionarem como líderes, Fernandes destaca que há muitas diferenças entre os níveis de gestão. No primeiro nível, que corresponde a de um supervisor, geralmente o profissional está muito preocupado com sua própria entrega. Já em um segundo nível (gerencial), há uma preocupação em envolver a equipe nas entregas e ajudar as pessoas a cumprirem com cada tarefa. Por fim, no terceiro nível, líderes são aqueles que inspiram e influenciam o time. “Só conheci dois líderes genuínos ao longo da minha carreira. Eu busco me posicionar dessa forma, pois quero deixar um legado para as pessoas com quem trabalho”, relata.
Para Wilson, os desafios para os profissionais de finanças com o avanço tecnológico são inúmeros. O executivo explica que todos os setores estão sofrendo impactos com a digitalização, pois o volume de informações e dados é imenso. Em contabilidade e finanças, as funções mais operacionais, como lançamentos contábeis, contas a pagar e a receber e faturamento, já podem ser substituídas por sistemas. Por isso, é importante estudar e entender o que é possível fazer com os dados, elaborar estratégias e, principalmente, ser um profissional multitarefas, ou seja, ter competências diferentes em áreas distintas.
Em um paralelo com a nova geração, o executivo explica que, apesar dos jovens estarem acostumados com essa dinâmica de informação, há muita aspiração e pouca disposição. “É preciso mostrar para a garotada que inovação é bom, mas a realidade é outra”, afirma.
Wilson trilhou parte de sua carreira no exterior. Segundo ele, estudar sobre a cultura, gastronomia e entender o comportamento das pessoas locais é enriquecedor. Ao longo desse período, compreendeu que é importante estar de coração aberto para as novas oportunidades e que, ao ser expatriado, deve-se ir atrás de conhecimento e buscar deixar um legado. “Somos protagonistas de nossas carreiras, precisamos ir atrás daquilo que nos trás felicidade”, declara.
Ele também ressalta os prós e contras de uma carreira internacional. Estar em contato com novas culturas, aprender novos idiomas, deixar sua marca no país de atuação e gerar autoconfiança para assumir grandes projetos estão entre os pontos positivos. Por outro lado, a educação dos filhos durante uma vida cheia de mudanças e a adaptação ao retornar ao próprio país podem ser desafiadores. Ao mesmo tempo, tais obstáculos podem ajudar o profissional a ser mais resiliente: “O trabalho me transformou como ser humano”, conta.
Fernandes falou ainda sobre a importância do equilíbrio pessoal e profissional. Explicou que períodos de descanso e prazer são importantes para o desenvolvimento, mas entende que essa percepção só vem com o tempo e amadurecimento. “A trilha profissional não é uma corrida de 100m, mas sim uma maratona de 42km. Por isso, o equilíbrio é a maior fortaleza para seguir adiante”, exemplifica o CFO.
Por fim, o executivo declara que, para ele, a jornada é mais importante do que a chegada. “Nunca perdi um minuto pensando em ser CFO, pois estava focado no processo e não no resultado final”, conta. “Viver um dia de cada vez e aprender para ensinar: é nisso que acredito”, finaliza o evento.