“Não tenha pressa, aproveite as oportunidades laterais, passe pelo maior número de áreas que puder – dentro e fora de Finanças – para que esteja melhor preparado quando chegar à cadeira de CFO”.
Como única consultoria de executive search especializada em posições de liderança em Finanças, a Assetz Expert Recruitment assume o compromisso de promover eventos para estimular o networking entre profissionais da área e facilitar o acesso a grandes Executivos do mercado, como é o caso do convidado do Programa de Mentoria de Carreira com CFOs desta terça-feira, dia 12, Alexandre Malfitani, CFO da Azul Linhas Aéreas.
Durante o evento, mais de 20 profissionais de Finanças tiveram a oportunidade de entender como Alex construiu sua carreira no setor de aviação: um segmento de capital intensivo, sensível ao câmbio, extremamente regulado e com modelo de precificação complexa. Ao falar sobre sua formação, Malfitani brinca com o fato de ter escolhido Engenharia Mecânica por gostar de carros. Em seu primeiro estágio, teve a certeza de que não seguiria nessa profissão. Foi então que, depois de formado, ingressou no setor bancário.
“Por vezes, me sentia um impostor, afinal tudo o que eu sabia sobre Finanças tinha aprendido na prática. Por isso, decidi fazer um MBA em Kellogg para aprimorar meu lado teórico”. Com o passar do tempo, o executivo percebeu que o conhecimento empírico é de grande valia e o MBA não é uma condição única para o sucesso, pois, em sua visão, foi chave para abertura de outras oportunidades. “A técnica a gente vai adquirindo de diversas formas com o passar do tempo, mas o networking e a troca de experiências que um bom curso de MBA proporciona te alavanca”. Quando questionado sobre a escolha da instituição de ensino, Alex indica que a escolha seja baseada em escolas que são referências em disciplinas que você não domina tanto.
Ainda em Chicago, após a conclusão do MBA, Alex entrou na United Airlines, onde chegou a ocupar o cargo de Diretor Geral de Tesouraria. Segundo ele, o fato da companhia estar em um momento de crise e de reestruturação foi mais intenso do que a especialização que tinha acabado de concluir. Afinal, quando uma companhia está em concordata, tudo é questionado: é preciso provar todos os dias que a operação vale mais funcionando do que sendo liquidada.
A oportunidade de fazer parte do time fundador da nova companhia de David Neeleman, até então sem nome definido, trouxe à tona a possibilidade de retornar ao Brasil em 2008. O CFO relata que o fato de ser brasileiro e ter trabalhado nos Estados Unidos foi bastante importante na fase de integração das equipes e na gestão do choque entre as culturas. “É preciso extrair o melhor do modelo de negócio e cultura dos dois mundos para criar um time vencedor e foi exatamente o que fizemos. Atrelamos a resiliência do brasileiro ao pragmatismo do americano”.
Em 11 anos de Azul, Alexandre afirma que o ponto alto de sua trajetória foi a estruturação do plano de milhas Tudo Azul. “O projeto me tirou totalmente da zona de conforto. Enquanto estava em finanças, precisava dar suporte e analisar o negócio, mas, naquele momento, meu papel passou a ser gerar receita e cuidar do P&L da nova BU que estava surgindo”. A proximidade com as áreas de RH, jurídico, societário, marketing e vendas permitiram que sua formação fosse mais consistente. Assim, quando assumiu a cadeira de CFO em 2017 pode se tornar um verdadeiro parceiro de negócios do CEO.
“Não tenha pressa, aproveite as oportunidades laterais, passe pelo maior número de áreas que puder – dentro e fora de Finanças – para que esteja melhor preparado quando chegar à cadeira de CFO”, comenta Alexandre Malfitani.
Além da passagem por diversas áreas e a construção de uma base contábil sólida, o executivo ressalta a importância da proficiência em inglês no mundo corporativo. “Invista tempo no seu aprendizado, leia livros, veja séries, filmes e ouça músicas em inglês. Dedique-se, pois a língua pode ser uma barreira para o seu crescimento”.
Assim como em outros Programas de Mentoria, o tema de transformação digital em Finanças veio à tona. De acordo com Alexandre, o assunto também está ligado à cultura da organização. “Eu vejo a transformação digital além da tecnologia. Para uma mudança sustentável, o ideal seria acabarmos com os departamentos e passarmos a estruturar squads em linha com a estratégia do negócio”.
Para encerrar o evento, os sócios da Assetz levaram um case de um dos participantes que abordava a meritocracia nas empresas. Para o CFO da Azul, um ambiente meritocrático só é genuíno quando a visão de dono rege as decisões tomadas pela liderança da companhia. “Quando nos colocamos como donos do negócio, tomamos decisões mais rentáveis e começamos a defender os anseios dos acionistas. Identificar o perfil e a capacidade dos profissionais e colocá-los nas funções certas é uma das principais consequências do intraempreededorismo”, finaliza.