Career Insights

Por Regina Fernandes da Capital Social.

 

Muito se fala do crescimento e da escalabilidade das empresas. Mas toda essa discussão envolve a disponibilidade de recursos e a capacidade de financiamento, e alguns dos recursos mais comentados são o Equity, o Capital de Risco e as formas de captação. Mas como melhorar, de fato, os resultados financeiros para garantir a sustentabilidade e a eficiência econômica da empresa?

Recursos com financiamento são caros e dinheiro de investidores são escassos e complexos. Logo, o crescimento com recursos próprios é mais eficiente. Melhorar o resultado financeiro requer gestão do caixa e plano estratégico com indicadores de resultados paralelos ao orçamento, além de precisar ser medido mensalmente, tendo os gestores a capacidade de ação e correção ágil para minimizar os impactos sobre o projetado. 

Para gerir o crescimento empresarial com recursos próprios, os gestores devem ter muita disciplina com os números, ampliar os horizontes para inovar e agir para otimizar gastos e tarefas. No entanto, há gestores que acreditam que o volume de faturamento é sucesso e, por vezes, não dão atenção para o fluxo de caixa, que é essencial.

Nesse sentido, por exemplo, grandes empresas realizam controles em planilhas de Excel com informações desencontradas, mas, nesse caso, o mais recomendado é a utilização de um controle de caixa com ERP, que é fácil de aplicar e um excelente ponto de partida para a Gestão Financeira Empresarial. Esse sistema oferece informações básicas, como o registro de entrada e saída de dinheiro, e o reconhecimento dos valores a pagar e a receber.

Contudo, quando o assunto é melhorar resultados financeiros, o controle de caixa por si só não resolverá a questão. Antes, é preciso analisar as informações do passado (pagos e recebidos) e do futuro (contas a pagar e a receber), comparando com o orçado x plano estratégico x o negócio.

Dessa forma, o gestor financeiro precisará entender quais são as fontes de receitas, despesas e custos, bem como observar os investimentos e o fluxo de financiamento (seja com recursos dos sócios ou de terceiros). Para isso, é importante ter um Plano de Contas financeiro, em conjunto com a Contabilidade, para identificar onde os recursos da empresa estão alocados.

Mas, a despeito do fluxo de caixa, que permite responder qual a lucratividade, o ponto de equilíbrio e a margem de contribuição da empresa, a pergunta que fica pendente de resposta é: Qual a capacidade de geração de caixa?

As empresas, normalmente, não falem por falta de lucro; elas quebram por falta de caixa e capital para sustentar o seu crescimento. Pode parecer um contrassenso, mas é o caixa que garante a sustentabilidade empresarial. Se não tem caixa, então não tem empresa.

Portanto, se tiver que decidir entre Caixa e Lucro, fique com os dois! Mas, no curto prazo, a depender do momento e do plano estratégico, é possível pensar em Caixa. Como diz o ditado: “Receita é vaidade, lucro é sanidade e Caixa é rei”. O Caixa é o que salva uma empresa. E é claro que ele precisa ser bem utilizado para não virar uma vazão de dinheiro pela má gestão. Logo, precisa trazer retorno. E, como medir o sucesso financeiro empresarial?

O lucro é muito importante. O método “Lucro Primeiro”, por exemplo, contribui para a geração de mais lucros para a companhia, e essa simples mudança de mentalidade na gestão financeira de uma empresa pode tornar o negócio rentável. Mas o sucesso empresarial não pode ser medido somente pelo lucro. Existem empresários que olham também para o Patrimônio Líquido e, se você faz isso, esqueça esse método! 

Existem basicamente duas formas de medir, que devem ser combinadas para uma análise mais adequada: Fluxo de Caixa e Rendimento. A análise de DuPont é um dos indicadores mais assertivos para fazer essa verificação — essa metodologia é capaz de identificar pontos fortes e fracos de uma empresa e entender a eficiência operacional.

É muito comum investidores se basearem no Return on Equity para medir a performance de uma companhia e do seu uso de capital aportado. Mas o problema é que esse indicador pode levar a enganos por ser suscetível a variáveis que aumentam seu resultado junto ao risco da corporação.

Com a Fórmula DuPont, a análise chega a outro nível de interpretação. Por isso, esse método é o mais indicado aos gestores financeiros, pois, a partir dela, pode-se entender quais foram os fatores que levaram o ROE aos resultados encontrados. 

Portanto, o lucro não representa nada se não estiver relacionado com o retorno sobre o investimento da empresa. É sabido que o retorno do investimento tem suas complexidades operacionais e não é algo que se muda com simples ações. Em vista disso, é importante compreender que os impulsionadores dos resultados estejam relacionados a quatro principais premissas, que são: 

1. Lucratividade;

2. Gestão do Capital de Giro;

3. Gestão de ativos não circulantes;

4. Fluxo de Caixa/Financiamento.

Esses impulsionadores dizem respeito ao grau de financiamento e à capacidade de se financiar e são fatores muito observados pelos bancos para oferecer novas linhas. E, os principais indicadores a medir são:

1. Dívida Líquida;

2. Fluxo de Caixa Líquido;

3. Relação Dívida-Patrimônio;

4. Cobertura dos juros.

Conhecidos os impulsionadores, agora temos que analisar as sete principais alavancas financeiras que provocam melhorias nos resultados monetários da empresa, que são:

1. Preço;

2. Volume de Venda;

3. Custos dos Serviços ou Produtos Vendidos;

4. Despesas Operacionais;

5. Estoques e Trabalho em Andamento;

6. Prazo do Contas a Pagar;

7. Prazo do Contas a Receber.

Apesar de boa parte das informações poderem ser adquiridas pelos controles internos, os relatórios contábeis são uma preciosa aliada da gestão das empresas, quando não um artifício essencial para a estratégia do negócio. Assim, empreendedores precisam se apropriar dessa leitura e, portanto, os gestores financeiros têm por obrigação, dentro do seu ofício, desenvolver a habilidade de interpretar os números para direcionar as decisões tendo como premissa os fatos.

Melhorar os resultados financeiros requer do administrador ser um bom analista e gestor de dados e informações importantes, ser o guardião do orçamento, desenvolver habilidades em negociação financeira e ter visão ampla do negócio.

Regina Fernandes

Founder, CEO e Contadora Responsável | Capital Social & CO.

Idealizadora da Capital Social é Contadora, Coach, Mentora e Trainer. Formada em perícia contábil pela Fecap e áreas relacionadas com Finanças e Gestão de Negócios.