Career Insights

Por Felipe Brunieri e Guilherme Malfi.

 

Assim como os avanços no campo da inteligência artificial (IA) conferem aos robôs a capacidade de assimilar conhecimento e aprimorar habilidades por meio do machine learning, o executivo de Finanças também se vê diante de uma demanda cada vez mais premente por aprendizado contínuo. A assimilação e o aprofundamento de competências tornaram-se tão essenciais para esses líderes quanto o algoritmo de aprendizado o é para a função cognitiva de um autômato.

Nesse contexto em constante mutação, a capacidade de evolução e adaptação revela-se de vital importância para impulsionar a excelência na área financeira corporativa. Da mesma forma que os algoritmos se aprimoram para tomar decisões mais perspicazes, os CFOs também devem expandir continuamente seu repertório técnico e estratégico para enfrentar os desafios da era digital.

De acordo com a pesquisa intitulada O Perfil do CFO no Brasil 2023, a capacidade de aprendizado contínuo é considerada, por 30% dos executivos de Finanças entrevistados, a qualidade mais importante perante a Transformação Tecnológica. Isso implica que é necessário ir além do conhecimento consolidado e estar receptivo a novas habilidades. Enquanto as máquinas podem aprender a elaborar demonstrações financeiras fidedignas e projeções precisas, os seres humanos avançam em tarefas estratégicas, libertos do esforço repetitivo.

Diante desse panorama, uma das principais exigências impostas ao executivo consiste no desenvolvimento de novos conhecimentos digitais. O CFO necessita familiarizar-se com as tecnologias, uma vez que elas já se integram intrinsecamente ao cotidiano da sua esfera de atuação. Experiência com business intelligence (BI), análise de dados (analytics) e a já mencionada IA, dentre outras, tornam-se cada vez mais imprescindíveis. É imperativo adotar uma perspectiva tecnológica e compreender que essas novas ferramentas também se tornam partes integrantes das atividades financeiras.

Anteriormente, a busca pelo aprimoramento profissional estava estritamente vinculada aos cursos de graduação e pós-graduação, com ênfase na formação em instituições renomadas. Hoje, todavia, tal abordagem já não é suficiente para sobressair em um mundo em constante transformação. Cursos de menor duração, porém altamente específicos, com objetivos bem definidos, têm se mostrado como poderosas ferramentas de atualização de habilidades para o executivo de Finanças. É fundamental acompanhar de maneira equânime a evolução do conhecimento.

Dentre as qualidades mais relevantes do CFO, ressaltam-se a habilidade de trabalhar em equipe e a capacidade de liderar times cada vez mais diversos. A diversidade transcendeu, inclusive, o conceito de igualdade de oportunidades, tornando-se um elemento fundamental para difundir a cultura da inovação. Essa abordagem amplia as possibilidades de pensar além dos padrões convencionais, fomenta um ambiente colaborativo e favorece a troca de experiências na busca por soluções complexas. A variedade de perspectivas constitui uma vantagem que um ambiente monocultural teria dificuldades em alcançar.

Além disso, o CFO deve assumir a liderança de equipes cada vez mais experientes à medida que as funções operacionais, que podem (e devem) ser automatizadas pela tecnologia, forem sendo substituídas. O gestor financeiro precisará lidar principalmente com análises, demonstrando habilidades para gerenciar uma equipe enxuta e madura e extrair o melhor dela. Nesse contexto, o executivo não é meramente um líder, mas também um membro ativo do time, aprendendo, ensinando e desenvolvendo habilidades comportamentais que só podem ser adquiridas por meio da convivência com a diversidade e a exposição a diferentes situações. 

Embora as ferramentas tecnológicas sejam capazes de se comunicar de modo eficiente, a tecnologia não substituirá o executivo nas demandas que exigem maior refinamento técnico. Da mesma forma, ainda que tais ferramentas sejam efetivas no desempenho de múltiplas tarefas, elas não detêm a capacidade de processar soluções complexas, pois não consideram as necessidades, as trajetórias e as motivações das pessoas na tomada de decisão, além de não estarem aptas a avaliar as possibilidades do mercado com profundidade. Para isso, contaremos, ainda por muito tempo, apenas com a mente humana.

Felipe Brunieri

Sócio-fundador da Assetz Expert Recruitment

Felipe Brunieri é headhunter de Finanças desde 2010, tendo atuado em consultorias de Executive Search estrangeiras e brasileiras até fundar a Assetz em 2019. Possui sólida experiência na condução de processos de recrutamento e seleção de alta complexidade em todas as disciplinas e subsistemas da área financeira, atendendo empresas dos mais variados portes e setores da economia e sendo capaz de entender as necessidades e de adaptar-se às demandas e às particularidades de cada uma delas. Brunieri é graduado em Ciências Contábeis pela Universidade de São Paulo e pós-graduado em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral, tendo realizado intercâmbio acadêmico na Universidad de Zaragoza (Espanha) durante a graduação. Em 2006, iniciou sua carreira em auditoria externa na Deloitte, onde atuou por 4 anos desenvolvendo trabalhos de revisão das Demonstrações Financeiras e de controles internos de diversas companhias até migrar para o mercado de recrutamento e seleção de Executivos.

Guilherme Malfi

Sócio-fundador da Assetz Expert Recruitment

Guilherme Federico Malfi atua como headhunter desde 2010, tendo se especializado em recrutamento e seleção de profissionais de Finanças e passado por consultorias brasileiras e estrangeiras até fundar a Assetz em 2019. Atendendo companhias dos mais variados setores, nacionalidades e portes, buscou se adaptar às necessidades de cada uma delas e conduziu projetos de grande complexidade em todas as disciplinas da área financeira, atuando sempre de forma consultiva e próxima. Malfi é formado em Ciências Contábeis pela Trevisan Escola de Negócios. Em 2005, iniciou sua carreira em auditoria externa na Deloitte, onde, durante mais de 3 anos, desenvolveu trabalhos de revisão das Demonstrações Financeiras e de controles internos de diversas empresas. Malfi também teve passagem de 2 anos pela área de tesouraria em uma instituição financeira até se tornar consultor de recrutamento e seleção de Executivos.