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No competitivo mercado de trabalho dos executivos de Finanças, o networking destaca-se como um dos elementos fundamentais para o crescimento profissional. A pesquisa O Perfil do CFO no Brasil 2023, organizada pela Assetz em parceria com o Insper, aponta que 80% dos CFOs dedicam parte do seu tempo ao desenvolvimento de uma rede de contatos externa, sendo que, em média, 15% do seu tempo é dedicado a essa atividade.

Executivos da área apontam que a construção de relacionamentos estratégicos pode abrir portas e ser tão importante para a colocação no mercado quanto cursos de especialização e experiências profissionais robustas. Para tanto, é preciso agir intencionalmente na promoção de uma rede relacional e aproveitar ao máximo as conexões para atrelar relacionamento a habilidades técnicas e comportamentais.

Alexandre Malfitani, Vice-Presidente de Finanças da Azul Linhas Aéreas Brasileiras, reconhece que o desenvolvimento de um networking eficiente começa, principalmente, pela organização da rotina, mas também acredita que é importante dar chances a encontros esporádicos e não programados.

Malfitani defende a máxima que dá nome ao livro Nunca Almoce Sozinho, dos autores Keith Ferrazzi e Tahl Raz, e acredita que a agenda de todo executivo de Finanças deve abrir espaço para encontros que mantenham os relacionamentos ativos. Uma das maneiras que encontra de desenvolver sua capacidade de se relacionar é o trabalho voluntário e, entre as iniciativas programadas, menciona a sua participação no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP).

O Vice-Presidente e CFO da Simpar, Denys Ferrez, destaca a relevância do Simpar Day, evento anual realizado pela companhia, que reúne investidores, acionistas e demais instituições com o objetivo de aproximá-los da diretoria, história, cultura e objetivos da empresa. Para Ferrez, as reuniões com investidores e demais stakeholders trazem benefícios tanto aos executivos envolvidos quanto para a companhia, uma vez que, além da manutenção dos relacionamentos, esses eventos proporcionam a identificação de necessidades e soluções para o negócio.

Além de recomendar a participação em eventos e palestras, a CFO da Diageo Brasil, Lucianna Costa, também busca frequentar ambientes cada vez mais diversos para a construção de um networking sólido, o que lhe permite o desenvolvimento da habilidade de comunicação e a expansão do leque de relações.

Para que a gestão de relacionamentos faça parte da rotina, Costa divide o seu dia a dia em três dimensões: 50% do tempo são voltados para estratégia e integração dos negócios, 20% para operação e 30% para gestão de talentos e times. Porém, ela avalia que a construção de relações não pode se resumir à organização objetiva e engessada do tempo e das tarefas e reforça, ainda, que fatores como honestidade, generosidade e empatia são essenciais para a formação de relacionamentos sólidos.

Costa ressalta, também, que sua aplicação em expandir sua rede de contatos tem lhe rendido retornos importantes. O primeiro que ela menciona é o de oferta de trabalho: mesmo não estando no mercado, fez a movimentação para a Diageo porque um headhunter apresentou seu nome para uma vaga, que, inclusive, era dirigida por uma pessoa com a qual já havia trabalhado. Ela detalha que, hoje, os grupos de WhatsApp são um importante meio para solicitar e enviar indicações de profissionais e que, graças a recomendações de amigos e conhecidos do mercado, pôde encontrar talentos para formar sua equipe.

 O mapa do networking

Entenda como se organizar para construir ou fortalecer sua rede de relacionamentos:

Como começar?

• Identifique quem são as pessoas que podem ser incluídas em seu networking e procure conhecê-las e entender como você é conhecido por elas;

• Participe de cursos e eventos por onde a informação e os profissionais circulam para aumentar as possibilidades de conexões;

• Priorize um horário em sua agenda para estabelecer suas conexões.

Como agir dentro da companhia?

• Invista tempo e energia para conhecer todas as pessoas do time;

• Estabeleça conexão pessoal e profissional com colaboradores de outras áreas a fim de compreender as prioridades e motivações das pessoas;

• Em empresas de capital aberto, utilize o Investor Day para aprofundar o networking e o conhecimento sobre as necessidades e potencialidades dos stakeholders.

E fora da empresa, como organizar o networking?

• Programe cafés da manhã, almoços e encontros com executivos de outras indústrias ou mesmo de empresas concorrentes;

• Dê chance a encontros inesperados, frequentando lugares diferentes ou participando de grupos que não estejam diretamente conectados ao negócio;

• Faça um mapa de stakeholders locais, regionais e corporativos, incluindo o grau de relacionamento desejado para auxiliar na coordenação de reuniões.

No mundo corporativo, as ações práticas para a construção de uma rede de relacionamentos efetiva podem ajudar a transpor obstáculos comuns ao dia a dia das empresas — possibilitam a aproximação e a colaboração de equipes dispersas em geografia e funções, além de poder melhorar a comunicação em um cenário de reuniões on-line, cada vez mais comuns após a democratização do home office e do modelo híbrido de trabalho.

Como resultados práticos promovidos pelo networking, destacam-se o desenvolvimento do prestígio profissional, a celeridade da recolocação de profissionais no mercado e a possibilidade de contratações mais assertivas. Além disso, as conexões podem promover parcerias estratégicas entre empresas e executivos, auxiliar no aprofundamento do conhecimento sobre o consumidor e o negócio como um todo e expandir a percepção do executivo de Finanças sobre o mundo, uma vez que abrem espaço para o surgimento de soluções criativas e impensáveis para quem fica circunscrito a mesma bolha.

ALEXANDRE MALFITANI

CFO | Azul Linhas Aéreas Brasileiras

DENYS FERREZ

Vice-Presidente e CFO | Simpar

LUCIANNA COSTA

CFO | Diageo Brasil